Enquanto o governador se deixa envolver pelos sons dos tamborins no Carnaval de Salvador, aqui no Piauí ecoam os tamborins dos gritos dos professores em greve. Uma realidade lamentável, mas, como dizem, cada um tem o Carnaval que merece.
Os professores do Piauí não estão em greve apenas por um reajuste de 6,5%. Nossa luta vai muito além de números frios em uma folha de pagamento. Estamos em greve porque não aceitamos mais sermos humilhados, desvalorizados e tratados como meros instrumentos de um sistema que nos explora enquanto enche a boca para falar de “compromisso com a educação”.
É inadmissível que, enquanto professores do Ceará recebem R$ 14.000, enquanto no Maranhão os docentes ganham R$ 9.000 e os professores dos municípios do Piauí têm salários equiparados aos dos colegas cearenses, nós, professores da rede estadual do Piauí, continuemos sendo tratados como profissionais de segunda classe. Como podemos olhar nossos colegas nos olhos e não sentir vergonha ao comparar nossos contracheques? Como continuar motivados quando sabemos que nosso esforço, nossa dedicação e nossa formação são ignorados por aqueles que deveriam valorizar a educação?
Nossa luta é pela dignidade da nossa profissão. É pelo direito de viver sem precisar recorrer a jornadas exaustivas em várias escolas para garantir um salário minimamente digno. É pela qualidade da educação pública, porque um professor valorizado é um professor que pode se dedicar integralmente ao ensino, sem a preocupação diária com contas que não fecham e com a desvalorização que massacra nossa autoestima.
O governo insiste em nos oferecer migalhas, enquanto destina recursos para tudo, menos para o que realmente importa: a base de qualquer sociedade justa e desenvolvida, que é a educação. A quem interessa professores desmotivados? A quem interessa uma educação pública precarizada?
Nossa greve não é um capricho, não é um exagero, não é irresponsabilidade. Nossa greve é um grito de resistência contra um sistema que tenta nos calar, que tenta nos convencer de que devemos nos contentar com pouco, que tenta nos fazer acreditar que exigir dignidade é um ato radical.
Não recuaremos. Não aceitaremos esmolas. Não permitiremos que a educação do Piauí continue sendo tratada como um problema secundário. Estamos em greve porque queremos um futuro melhor para nós, para nossos alunos e para o nosso estado.
Que fique claro: sem valorização, não há educação de qualidade. E sem educação de qualidade, não há futuro.